segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

EX-MINISTRO DA JUSTIÇA RECEBERÁ TÍTULO DE SÓCIO BENEMÉRITO DA ACADEMIA PERNAMBUCANA DE LETRAS, DIA 29-02-2012.

A ACADEMIA PERNAMBUCANA DE MEDICINA RECEBE A ILUSTRE PRESENÇA DO ADVOGADO JOSÉ PAULO CAVALCANTI, AUTOR DA SEGUNDA MAIS COMPLETA BIOGRAFIA SOBRE FERNANDO PESSOA.
DR. JOSÉ PAULO CAVALCANTI -
TÍTULO BENEMÉRITO DA ACADEMIA PERNAMBUCANA DE MEDICINA
C O N V I T E


Na próxima quarta-feira (29-02), pelas 9:00 horas da manhã, José Paulo Cavalcanti abre o ano acadêmico da Academia Pernambucana de Medicina, com a palestra: "De que morreu Fernando Pessoa"? O conferencista é autor de extenso volume escrito em torno da biografia do ilustre poeta. Em seguida receberá o título de Acadêmico Benemérito. Um coquetel de sucos e acepipes salgados será servido ao final. O acesso ao evento é livre.
Como todos sabem, a Academia Pernambucana de Medicina fica no Derby, no prédio do Memorial da Medicina, no edifício da antiga Faculdade. Este convite é extensivo a familiares e amigos.


Atenciosamente

Geraldo Pereira (*)

(*) Geraldo é médico pernambucano, presidente da Academia Pernambucana de Medicina e filho do ilustre norte-rio-grandense Nilo Pereira.

Nota: Dr. José Paulo Cavalcanti é advogado e foi Ministro da Justiça no Governo Sarney. É autor da segunda biografia mais celebrada do poeta português Fernando Pessoa.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

"GOTARDO NETO, POETA ESQUECIDO", POR LUÍS DA CÂMARA CASCUDO

LUÍS DA CÂMARA CASCUDO

GOTARDO NETO, POETA ESQUECIDO
LUÍS DA CÂMARA CASCUDO

José Gotardo Emerenciano Neto faleceu a 7 de maio de 1911. Trinta anos incompletos. Toda sua produção estava espalhada nos jornais da época, jornais fáceis e jornais difíceis de encontro, para cópia e seleção.
Em 1913, publicou-se o seu “ FOLHAS MORTAS”, com um prefácio de Antônio de Souza. Um lindo prefácio sem nota biográfica. Nem elementos para sentir e compreender a entidade humana que desaparecera.
Gotardo Neto não merecera a alegria de ver um livro seu, impresso, diante dos olhos mortais e claros.
Praticamente , morrera inédito para as gerações futuras.
Eu tinha 13 anos quando ele faleceu.
Quando comecei a escrever, 1918, viviam muitos dos seus amigos, daqueles que o tinham conhecido e com ele privado. Eram unânimes no julgamento entusiástico.
Gotardo Neto fora o primeiro sonetista do seu tempo. Quem melhor soubera manejar vocabulário e dispor a técnica. Era o mestre, o professor, o iniciador dos amigos que abriam as asas para o primeiro vôo poético.
Quando se fundou a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, em 1936, Francisco Ivo Cavalcanti, um amigo fiel, escolheu Gotardo Neto para patrono de seu cadeira e pronunciou eloqüente elogio, recordando, ressuscitando, lembrando o poeta do “ FOLHAS MORTAS”.
A história sentimental de Gotardo Neto teve em Ivo Filho um intérprete emocional e verídico. Vivera também as horas tumultuosas do amor e do desespero ansioso, acompanhando mentalmente a tempertade que sacudia os nervos do jovem companheiro e mestre admirado.
Mas Gotardo Neto não conseguiu impressionar aos da minha geração, hoje semi-desaparecida e devastada pela morte. Tínhamos os versos, bons versos, mas iguais aos bons versos do seu tempo. Faltava a criatura humana para valorizá-los e trazê-los, palpitantes, ao interesse intelectual de outros leitores, ausentes espiritualmente aos motivos orientadores dos seus poemas.
Gotardo Neto havia sido, realmente, um guia, um orientador, um chefe dos novos. Creio que bem pouco orientou no campo de leituras ou revelações literárias, mas seria utilíssimo no alinho, aprumo, polícia, disciplina da métrica, ensinando a vestir a ideia e a colocar nos ombros da emoção lírica o manto transparente da sedução verbal.Seu livro, publicado em 1913, continua ignorado pelos poetas contemporâneos. Ninguém deduz de sua existência dolorosa, daquela boemia que é legitimamentede Murger, de Musset e Verlaine, daquela sensibilidade que a paixão intoxica e domina, secando as forças da mobilidade e da esperança vital, reduzindo-o a um lento suicídio, a um desespero silencioso, digno do moto, aberto em sangue e lágrima, que devia escrever-se na lápide do seu túmulo: AQUI JAZ O QUE MORREU DE AMOR
Não é surpresa que um dia os Poetas-de-agora reencontrem em Gotardo Neto um motivo autêntico de inspiração que os apaixona noutras terras e noutras almas distantes. Na cidade do Natal morreu em 1911 quem teve vida romântica de Paris em 1830 ou de Londres no espírito de Dante Gabriel Rossetti, no delírio pré-rafaelista: Gotardo Neto reivindica, serenamente, um clima proustiano para seu estudo e todo efeito negativo do seu prestígio é ter nascido, vivido e morrido na cidade do Natal.
Seus versos podem e não podem ser admirados mas, inquestionavelmente, documentam uma existência tão alta, do sofrimento e angústia, como as mais aclamadas e prestigiosas de um Rainer Marie Rilke, por exemplo.
Os nossos estudiosos, indagadores de psicanálise, teriam em Gotardo Neto um sugestivo e notável exemplo de material, de território humano que pede viagem, exploração e análise.
O indispensável é não separar “ FOLHAS MORTAS” da vida do Poeta.
Gotardo Neto é, positivamente, um grande assunto.
Falta apenas a curiosidade pesquisadora…

domingo, 19 de fevereiro de 2012

FANTASIA - POEMA E INDUMENTÁRIA DE CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES - DÉC. DE 50.

CARLOS ROBERTO TRAZ O SEU SAUDOSISMO E A GRANDE MARCA DOS ANTIGOS CARNAVAIS, NA SUA PRECIOSA INDUMENTÁRIA DOS IDOS DE 1950. O CARNAVAL QUE A SAUDADE CANTA EM VERSOS.
FANTASIA USADA PELO DR. CARLOS GOMES NOS ANOS 50, DO BLOCO: "DELICOSOS NA FOLIA"

F A N T A S I A
Carlos de Miranda Gomes

Retirada do sacrário da saudade
Encontrei ao sol do quarto a minha fantasia
Brilhando nos 50 anos de alegria
Do velho folião desta cidade.

Deliciosos na Folia era o seu nome
Do bloco do carnaval daquele tempo
Que alimentava de ilusão e contentamento
Os sonhos que a vida não consome.

E o velho repete ao jovem de antanho
A lembrança viva dos momentos de encanto
Que chegou na exata hora de aliviar o pranto.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

"A VIELA DO BECO SEM SAÍDA" - POR SILVIO CALDAS.

A VIELA DO BECO SEM SAÍDA
Autor: Sílvio Caldas ( jsc-2@uol.com.br )


Sempre tive o maior respeito pelo Ministério Público em geral. Antes, na ativa, e agora, aposentado, mais ainda.

Mas acabar com o “barulho” do nosso Beco da Lama, a meu modesto ver, é um absurdo. Que se normatizem as boas regras de convivência com os residentes, visando à boa ordem, a disciplina e evitando-se a poluição sonora, tudo bem. Afinal, o direito de um termina onde começa o direito do outro. Contudo sempre fui contra o tal do nivelamento por baixo. É o mesmo que soltar uma bomba atômica para acabar com os ratos e as baratas.

Sou insuspeito para tratar do assunto, pois minha boemia é diurna. Lá, no beco, fui apenas uma vez. Realmente em certos setores a música por vezes é alta, o que pode ser perfeitamente disciplinado sem radicalismos pouco inteligentes.

Acho que acabar com o movimento cultural existente há décadas no Beco da Lama é trabalhar pelo empobrecimento, cada vez maior, da cultura natalense.

Se o mestre Cascudo fosse vivo, tenho certeza que de vez em quando ainda daria trabalho a Anna, que teria que ir buscá-lo lá no Beco, pois ele era um frequentador assíduo de tudo que direta ou indiretamente manifestasse a cultura e o folclore em geral. Aliás, outra coisa ele não foi fazer na África, que ouvir os bombos, os batuques e as magias dos nativos.

Ouvi alhures, certa feita, uma frase que me calou profundamente: “O importante não é destruir o que sobra, mas construir o que falta”.

E pra não dizer que não falei de flores, bem melhor a cultura que hoje existe no Beco da Lama do que a futura cultura do crack, que aliás, já anda pelas redondezas do Beco.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

DEPOIMENTOS SOBRE ENÉLIO LIMA PETROVICH, POSTADOS EM 06-02-2012, OCASIÃO DA MISSA DE 30° DIA DO SEU ENCANTAMENTO.


VIVA ENÉLIO
Odúlio Botelho

O escritor Enélio de Lima Petrovich sempre foi uma das pilastras da cultura e da memória potiguar. Culto, dinâmico, amante maior das letras e das artes, pousa na galeria dos que mais produziram em prol da cultura como um todo, aí incluídas todas as manifestações intelectuais, tanto no quadro chamado erudito, bem assim, um grande incentivador dos impulsos artísticos populares, a exemplo do Mestre Câmara Cascudo . E desenvolvia esse incomensurável trabalho com amor, satisfação e alegria, fazendo abrigar no IHGRN aqueles que, ao seu olho clínico, mereciam compor a Casa da Memória, por ele conduzida com arrojo, entusiasmo e dedicação digna de registro a nível nacional. Enélio vai fazer muita falta a todos nós, seus discípulos e admiradores . Fará falta também a cultura brasileira, pois que ele sabia se corresponder como as instituições culturais do País e, porque não dizer, de outras nações.
Para ele, o saber não tinha fronteiras . Viva Enélio .

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ENÉLIO PETROVICH
Jurandyr Navarro (*)

A comunidade intelectual do Rio Grande do Norte muito sentiu com o falecimento de Enélio Lima Petrovich, ocorrido precisamente há um mês. Dotado de um exaltado entusiasmo pelas coisas do pensamento, a sua mente diligente, ocupou, por longo tempo, espaços na advocacia, primeiramente, especializado que era, no Direito Previdenciário. Nesse círculo operativo funcionou a sua atividade causídica por muitos anos.
Ao lado da sua profissão, iniciou-se nos meandros culturais da sociedade norte-rio-grandense, ingressando nos quadros do Instituto Histórico e Geográfico do RN e depois, na Academia Norte - Rio - Grandense de Letras. Nessas duas instituições consolidou, a um só tempo, as culturas histórica e literária.
Na "Casa da Memória", tornou-se o seu presidente perpétuo, dirigindo a entidade durante quarenta e oito anos, quatro meses e onze dias, interrompidos somente, com o seu falecimento.
Na Arcádia das Letras, atuou como um dos seus membros mais ativos.
Em ambas, proferiu muitos discursos, panerígicos e necrológicos, tendo destacada atuação, por todos aplaudida.
Diversos os seus escritos insertos nas Revistas de ambas as sociedades culturais.
Os livros, por ele elaborados, não nos deixou órfãos da sua memória.
Ultimamente havia sido escolhido para ocupar uma das cadeiras da ALEJURN (Academia de Letras Jurídicas do RN), cujo patrono era o tio Nestor dos Santos Lima. Pertenceu a outras instituições científicas e literárias, tendo sido sócio-correspondente de estados membros da Federação Brasileira.
Como representante do Instituto Histórico e Geográfico do RN muitas condecorações recebeu pelo profícuo trabalho realizado.
A sua passagem pela Casa da Memória ficará imperecível.

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ENÉLIO PETROVICH -
A LUZ DA RUA DA CONCEIÇÃO
Violante Pimentel


Enar dos Santos Lima casou-se com Célio Petrovich, gerando os filhos Enélio e Maria Célia.
Miriam, que na verdade se chama Maria do Perpétuo Socorro Galvão, era colega e amiga de Maria Célia. O tempo e a amizade os aproximou e terminou se casando com Enélio, para alegria de Enar, que, segundo suas próprias palavras, ganhou mais uma filha.
Enélio, como excelente filho que era, já casado, continuou morando com Enar, que enviuvara. Formaram, então, uma linda família, em visível harmonia, gerando a bela prole: Líriam, Célio e Enélio Filho.
A bondade começa em casa. Enélio era o filho varão de Enar e Célio, e como tal, soube ser o cabeça da família. Após o falecimento do seu pai e posteriormente, seguindo-se a morte de Nestor dos Santos Lima, seu padrinho e tio-avô, Enar, mãe de Enélio, foi convidada para morar com a tia, Idyla Lima, última irmã viva de Nestor dos Santos Lima, que morava com ele. Enar aceitou o convite, sob a condição de levar toda a sua família. Assim, mudaram-se para o sobrado onde morou Nestor dos Santos Lima, na Praça Sete de Setembro, hoje o prédio da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte, próxima do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.
A coincidência do destino: Nestor dos Santos Lima, em seu Testamento, doou toda a sua biblioteca ao Instituto, o qual, segundo suas próprias palavras, era “a menina dos seus olhos”. Mas, quem tomou a frente para dar cumprimento a essa sua última vontade, foi o seu querido afilhado e sobrinho-neto, que chamava-o de "padrinho-vovô", o já ilustre advogado Enélio Lima Petrovich, que, a partir de então, passou a dedicar-se, de corpo e alma, ao referido Instituto, passando, posteriormente, a assumir a Presidência. Esse laço de sangue entre Nestor dos Santos Lima, que não deixou filhos, e Enélio Petrovich, gerou excelentes frutos, pois Enélio tornou-se o seu "sucessor" no IHG/RN, com a mesma abnegação, dedicação,e, como o tio, totalmente desprovido de interesses materiais.
Enélio Lima Petrovich, durante toda a sua vida, representou o "cartão de visita" da família, merecendo o nosso respeito e admiração por suas grandes qualidades, tanto em relação à vida familiar, quanto à sua reconhecida intelectualidade.
A luz que iluminou a sua vida não se apagará jamais.
O seu grande desempenho junto ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte jamais será ofuscado.
Encerrando, transcrevo, a citação de Tomas Campbell , feita pelo saudoso Enélio Petrovich, no discurso proferido à beira do túmulo de Luís da Câmara Cascudo, no dia 31.07.86:
"Não é morrer, viver nos corações dos que ficam". Daí a sentença ontológica do velho Ruy: "A morte não extingue, transforma; não aniquila, renova; não divorcia, aproxima."

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SOBRE ENÉLIO LIMA PETROVICH
Carlos Roberto de Miranda Gomes



Tenho o prazer e a honra de dar o meu depoimento sobre a pessoa de ENÉLIO PETROVICH, figura singular da história cultural do nosso Estado.
Nosso conhecimento data dos idos de 1964, quando ingressei na Universidade e escutava a respeito dos seus trabalhos e da sua passagem pela saudosa Faculdade de Direito da Ribeira, como integrante da sua Turma Pioneira, a cinqüentenária “Turma Clóvis Beviláqua” de 1959.
Esse conhecimento, inicialmente, aconteceu através dos seus escritos, que enviava para meu pai, com singela dedicatória. Posteriormente o conheci pessoalmente e desde então passamos a conviver nas lides da vida e dos eventos em nossa sociedade.
Mercê das dedicatórias dos seus livros a papai, fiquei curioso a respeito de sua pessoa e indaguei do meu saudoso genitor a respeito de Enélio, tendo o mesmo respondido tratar-se de um jovem intelectual promissor e dedicado ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, por quem sempre teve profunda admiração. Tal assertiva, então, passou para mim.
Li a maioria dos seus trabalhos, desde os artigos na Revista Rumos até o último trabalho publicada na Revista do Instituto, lançada no final do ano passado.
Acompanhei a sua trajetória profissional e intelectual, convivendo com ele nas reuniões do Instituto, da Academia de Letras Jurídicas e de outras agremiações culturais, pois ele sempre estava presente em todos os eventos.
Construiu ao logo do tempo um conceito exemplar para a nossa “Casa da Memória”, como costuma assim denominar, ampliando o seu acervo e enriquecendo-a com documentos e objetos de arte, atraindo pensadores eminentes da cultura do País e até de além-mar, imprimindo ao centenário Instituto um lugar de permanentes encontros de cultura, granjeando a admiração de todos e a busca permanente para a realização de pesquisas.
Biógrafo, memorialista, escritor, articulista, promotor de eventos culturais, imortal de duas Academias, Enélio é ainda personagem presente em todas as solenidades oficiais, reuniões e encontros intelectuais e sociais, lançamentos, palestras e saraus, contribuindo assim para garantir a presença do Instituto, incentivando aos novos escribas e dando satisfação aos seus contemporâneos.
Com tristeza vimos o seu retorno às Mansões do Criador, onde tenho certeza deverá recebendo o justo prêmio de sua vida nesta dimensão do mundo. Enélio Lima Petrovich é nome para sempre se homenagear.

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ENÉLIO, UM INCENTIVADOR DE TALENTOS...
Ivoncisio Medeiros

Acadêmico de Direito, lia Enélio Lima Petrovich na sua coluna “ A Previdência Social em dia...”, publicada na “Tribuna do Norte”, jornal do previndenciarista Aluísio Alves, com palavras esclarecedoras e orientadoras para aqueles vitimados pelo Estado e pelos patrões. Leitura que muito me serviu, mais tarde, para os meus estudos de Direito Previdenciário. Depois, através da amizade e dos constantes contatos com meu pai, Tarcísio Medeiros, nos preparos para a publicação da Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, admirava a sua abnegação e o seu esforço para vencer as dificuldades enfrentadas para divulgar a produção dos nossos confrades.
Sempre chamou a minha atenção pelo seu temperamento agitado, irrequieto e buliçoso, na qualificação de Veríssimo de Melo. O falar apressado, engolindo sílabas, por vezes palavras, plasmava o alvoroçado planejador e arquiteto da renovação e da dinâmica do Instituto Histórico e Geográfico, do qual é a sua “Coluna Mestra”. Por vezes, ostenta a sisudez do seu “tio-vovô”, Dr. Nestor dos Santos Lima, alicerce da Casa da Memória, que me amedrontava quando criança.
Pessoalmente, tenho muito o que lhe agradecer. Desde a atenção e a estima que me dedicava, em razão de velhos laços familiares, aos incentivos que me proporcionou quando das minhas viagens à Europa, credenciando-me para proceder pesquisas nos arquivos históricos de Portugal e de Espanha, a procura de “velhos papéis” que contassem a história do Rio Grande do Norte. E foi assim que recebi a estreita colaboração dos Diretores e funcionários dessas vetustas (palavra que ele gosta muito de empregar) instituições ibero-lusitanas.
Dessas pesquisas surgiu o meu primeiro livro, “Documentos do Rio Grande do Norte”, por ele prefaciado com entusiasmo, publicado pela Fundação “José Augusto” em 1976, com o seu apoio, e que me abriu as portas do Instituto Histórico e Geográfico do Estado, tornando-me o primeiro bisneto de Vicente de Lemos a ser Sócio Efetivo da Casa por ele arquitetada em 1902. Publicado em 1992, “O Poder Judiciário no Rio Grande do Norte (1818 a 1992)” , pesquisa iniciada na Faculdade de Direito, com Francisco Nogueira Fernandes, recebeu a sua colaboração. Em 2005, o Conselho Editorial do Senado Federal aprovou a publicação do meu “Inventário de Documentos Históricos Brasileiros”, com a recomendação e aval do Instituto, encaminhado por Enélio ao Senador Garibaldi Alves Filho que a endossou e apresentou os originais ao Senador José Sarney, então Presidente do Senado Federal e do seu Conselho Editorial. Com essas publicações, bem como em outras de conteúdo histórico, sempre contei com as suas palavras e as suas atitudes de apoio, incentivo, estímulo e entusiasmo. E eu não sou o único! Os outros que o digam também...

Conivente, Agaciel da Silva Maia, prefaciando “Visão de um Espectador”, coletânea de prefácios e de apresentações assinadas por Enélio, confirma que”efetivamente, com o seu estímulo e encorajamento, podemos ver hoje o aumento de autores nascidos no Rio Grande do Norte, abrangendo áreas como a ciência política, a historiografia, a produção lírica, a memorialística. Ao vermos tantos livros publicados em nosso Estado, encontramos a labuta de Enélio e a certeza de que muitos autores, através desses esforços incansáveis, conseguiram realizar com êxito o anseio de ver um livro publicado.”

Obrigado, Enélio! Pelo que já fez e, preventivamente, pelo que ainda poderá fazer.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O DIREITO DE GREVE - UMA OPINIÃO - AUTORIA DO SÓCIO SILVIO CALDAS.

SILVIO CALDAS

O direito de greve - uma opinião

Autor: Sílvio Caldas (jsc-2@uol.com.br)

Opinião é como conselho, não obriga a ninguém.

Considero o direito de greve praticamente como um direito natural, isto é, inerente à própria dignidade do ser humano, quando este se sente explorado ou injuriado por uma força que lhe é superior. Assemelha-se à legítima defesa, que permite até que se tire a vida de um semelhante, dependendo da circunstância.

Contudo o direito de greve não deve ser acolhido de forma ampla e irrestrita, mas deve ser sempre exercido com a máxima cautela, como um bom tempero. Diria mesmo que seria uma espécie de ultima ratio regum , e assim, só deve ser utilizado em último caso. Embora exercido desde temos imemoriais e defendido até pelas legislações mais modernas do mundo civilizado, entretanto é defeso a certas instituições e até mesmo sofre limitações naturais.

O ideal é que ele seja utilizado somente quando fracassarem todos os meios válidos de negociação, o que vale dizer que devem ser realizadas gestões entre as partes diretamente envolvidas e antagônicas para que se evite a todo o custo esse remédio que normalmente se sabe amargo muitas vezes, não apenas para os diretamente envolvidos, mas para o povo em geral. Assim, ele exige, antes de tudo, criatividade e principalmente o convencimento dos indiretamente envolvidos (povo em geral) com a causa.

As próprias legislações em geral procuram limitar o exercício desse direito, visando justamente salvaguardar o interesse coletivo, isto é, de pessoas que embora não façam parte da relação direta, mas terminam saindo prejudicadas por via indireta.

Os japoneses, mestres da criatividade procuram fazer uma greve muito criativa: continuam no trabalho, fazendo o serviço, e colocam uma faixa na testa onde está escrito: estamos em greve. Eis aí um bom exemplo de uma forma de protesto que não prejudica ninguém, nem o próprio antagonista, mas que é um autêntico apelo à negociação.

É muito desconfortante assistirmos, por exemplo, a uma greve de transportes coletivos. Movimento paredista que prejudica não apenas os patrões, mas os usuários em geral. Prejuízo grande e que nem sempre atinge os objetivos, mesmo porque chega a um ponto que não conta com o apoio da sociedade em geral.

Outros exemplos podem ser apreciados: greve dos médicos; greve dos bombeiros; greve dos ascensoristas.

Por todos esses motivos não entendo o que venha a ser, por exemplo, uma greve no Poder Judiciário (greve de juízes), até por que eles mesmos constituem o Poder.

Mas... e o que falar de greve de uma corporação policial, envolvendo um Estado da importância da Bahia, em plena véspera dos festejos carnavalescos que esperam contar com a presença de três milhões de turistas? E mais, polícia em greve e portando as armas de fogo que pertencem legalmente ao serviço que se acha paralisado.

Por mais que os policiais tenham suas razões, razão, porém não lhes assiste num contexto dessa natureza.

Contudo uma coisa é certa: esses movimentos esdrúxulos não nasceram da noite para o dia. É preciso que localize o ninho onde estão sendo chocados, de há muito, os ovos da serpente.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

ENÉLIO LIMA PETROVICH - MISSA DE 30° DIA.


Nesta data, 06-02-2012, às 17: horas, será celebrada a Missa de 30° dia
pela alma do nosso inesquecível Enélio Lima Petrovich.

Local: Convento Santo Antônio (Igreja do Galo), Cidade Alta.

Odúlio Botelho
Presidente

sábado, 4 de fevereiro de 2012

"UM SER HUMANO DA MAIOR GRANDEZA" -AUTORIA DE CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES.

DEÍFILO GURGEL
"UM SER HUMANO DA MAIOR GRANDEZA
Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor e advogado

Mesmo sem ter alcançado a Academia de Letras do Rio Grande do Norte, DEÍFILO GURGEL já é considerado imortal no conceito da sociedade e no amor da população mais humilde.

Nascido em Areia Branca no dia 22 de outubro de 1926, mas residindo em Natal desde 1944, tornou-se de fato e de direito cidadão de todas as cidades.
Apesar de Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Natal, e tendo exercido muitas atividades no campo público e privado, como funcionário do antigo Banespa, onde o conheci na Rua Frei Miguelinho, depois exerceu as funções de diretor do Departamento de Cultura da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC), de Natal; diretor de Promoções Culturais da Fundação José Augusto (FJA); professor de Folclore Brasileiro na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na verdade, a cultura foi o motivo de sua vida.

Poeta, jornalista,pesquisador, folclorista, Deífilo Gurgel foi múltiplo em sua obra literária, com destaque para O Diabo a Quatro (inédito), Romanceiro de Alcaçus (Natal: UFRN, 1993),Romanceiro Potiguar (inédito), Manual do Boi Calemba (Natal: Nossa Editora, 1985), Danças Folclóricas do Rio Grande do Norte (Natal: EDUFRN, 1995, ed.5), João Redondo - Teatro de Bonecos do Nordeste (UFRN-Vozes-Petrópolis, 1986), Câmara Cascudo - um sábio jovial. Discurso de Posse na Academia Mossoroense de Letras (Coleção Mossoroense, série B, n.º 683, Mossoró, 1989), 7 Sonetos do Rio e Outros Poemas (Natal: EDUFRN, 1983), Os Dias e as Noites (Natal: Ed. Clima, 1.ed., 1979), Areia Branca - a terra e a gente, um documento onde Deífilo Gurgel resgata a história do município e que hoje é utilizado como fonte de pesquisa pelos estudantes.

Seu último livro "Romanceiro Potiguar", está pronto para lançamento, patrocínio da Fundação José Augusto reúne 300 romances medievais, cantos de incelências que ele coletou durante 1985 e 1995, com algumas atualizações nos anos seguintes, e mais de 100 entrevistas realizadas.

Como pesquisador trilhou os caminhos do Rio Grande do Norte para levantar o acervo de romances ibéricos imortalizados por nomes como Dona Militana, de São Gonçalo do Amarante. "Não imaginava que encontraria tanta coisa!", frisou o autor durante uma de suas entrevistas concedidas à TRIBUNA DO NORTE no ano passado - sua pesquisa se contrapõe à constatação de Mário de Andrade, musicólogo e historiador que circulou pela região na década de trinta catalogando as sonoridades nordestinas. "Andrade reclamou de não ter encontrado romances por aqui, mas temos que ver ele passou um mês e meio no RN e andou pouco".

Sua cátedra na nossa Universidade Federal, era o Folclore Brasileiro, tendo recebido todo o apoio para viabilizar a divulgação de suas pesquisas.

Descobriu romances que antes só havia registro de versões em espanhol como "Milagre do Trigo", apresentado por Dona Militana. Outro destaque de seu trabalho foi o romance "Paulina e Don João", recitado por Dona Maria de Aleixo em Nísia Floresta. A terceira descoberta destacada por Gurgel foi o romanceiro Pedro Ribeiro, de São Pedro do Potengi. "Seu Pedro conhecia cantigas antigas dos tempos áureos da pecuária potiguar. Cantou vários fragmentos de romances criados por Fabião das Queimadas (1848-1928)", lembrou.

Retratado pelos amigos e biografado por nomes da intelectualidade brasileira, Deífilo Gurgel é reconhecido como um dos maiores folcloristas brasileiros, aptidão que somente descobriu aos 40 anos de idade, gênero que passou a ser o da sua preferência.

Registram os seus admiradores que existem algumas obras inéditas a publicar, como "Espaço e tempo do folclore potiguar", "Romanceiro potiguar", "No reino de Baltazar" e "O diabo a quatro" e há referência a outros trabalhos que pesquisou como o "Cavalo Moleque Fogoso", de Fabião das Queimadas, sobre quem fez um filme divulgado em DVD.

Sobre sua trajetória intelectual toda a cidade conhece e reconhece o valor incomensurável, como se comprova com depoimento de Iaperi Araújo, poeta, escritor e da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras: "Eis o mérito do professor Deífilo Gurgel: buscou as fontes primárias. Palmilhou os caminhos do Rio Grande do Norte de máquina fotográfica e gravador a tiracolo, ouvindo gente, batendo em portas e sentando-se nos terreiros das casas humildes para ouvir contarem os fragmentos desbotados da tradição popular". Recentemente o JH publicou expressivo trabalho de Ormuz Barbalho Simonetti, fora testemunhos incontáveis nos blogs e outros meios virtuais de comunicação ou entrevistas de intelectuais com divulgação em revistas e jornais.

No início desta semana surgiu uma notícia equivocada sobre o seu encantamento da vida terrena, motivando inúmeros pronunciamentos. Esclarecido o engano, a família passou a comandar as notícias oficiais, dando conta do seu precário estado de saúde.

O fato deve motivar que se reflita sobre este ser humano da maior grandeza e desperte o empenho da nossa Academia de Letras a apressar a ratificação do seu nome como novo imortal, no campo da formalidade, porquanto ele já é considerado uma bandeira de cultura, pois a sua obra impõe o registro na nossa história.

Considerado um "provinciano incurável", como Luís da Câmara Cascudo, passou toda a sua vida proclamando as nossas raízes históricas e populares, seguindo a trilha dos imortais Cascudinho e Vivi, revelando ao grande público a criatividade de dançadores de folguedos populares como Manoel Marinheiro, do Mestre Pedro Guajiru, a romanceira D. Militina, os rabequeiros André e Cícero Joaquim, os pelos três Chicos, o coquista Chico Antônio, o mamulengueiro Chico Daniel, o entalhador Chico Santeiro e o cantador Fabião das Queimadas, e tantos outros que ele soube respeitar e engrandecer na sua simplicidade imortal.
Surpreendido com a falsa notícia, também me apressei em homenageá-lo, depois suspendi a divulgação do meu modesto trabalho, quando fui incentivado pelo amigo Marcos Guerra a prestar a homenagem a Deífilo, quando vivo, o que agora faço, rogando a Deus pelo seu restabelecimento para que nos seja permitido assistir a sua solenidade de colocação do pelerine e do colar da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras".

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

DIVULGANDO INFORMES E SUGESTÕES DA PRESIDÊNCIA DA ALEJURN - ACADEMIA DE LETRAS JURÍDICAS DO RN.

DR. ODÚLIO BOTELHO
PRESIDENTE DA ALEJURN

Caros Confrades,

01. Temos, neste blog, um meio de comunicação virtual para as nossas notícias, informações, sugestões, convocações e tudo o mais que se faça necessário para publicação.
02. Sugerimos, inicialmente, que o caro confrade Silvio Caldas possa fazer um artigo semanalmente e enviá-lo para postagem, junto à nossa colaboradora - Lúcia Helena Pereira. E que outros companheiros da ALEJURN possam juntar-se à bela empreitada, cujo registro ficará em nossos arquivos. O espaço é aberto a todos que e já poderão encaminhar seus escritos (como Carlos Gomes, Anísio, Luciano Nóbrega e demais companheiros).

03. A partir do mês de março do corrente ano, a ALEJURN retomará suas atividades normais.

04. Informamos que daremos continuidade às palestras do Elogio aos Patronos, que tanto sucesso vem alcançando, dentro do Projeto Tributo à Memória Jurídica do RN, com sucessivas reuniões no auditório da PGE (Procuradoria Geral do Estado), na última sexta-feira de cada mês .

o5. Informamos que encontra-se em fase de finalização gráfica, a Revista da ALEJURN - N° 01, ed. histórica - com a publicação das conferências já proferidas, o histórico da criação e instalação da ACADEMIA, sua composição inicial e atual, fotografias dos seus fundadores e dos 40 patronos que enriquecem a nossa Entidade sempre voltada para as Letras Jurídicas do Estado.
O diretor da revista, acadêmico Luciano Nóbrega, ao lado do Presidente de honra, Jurandyr Navarro e do atual presidente Odúlio Botelho, unidos, pretendem distribuir a Revista ao mundo jurídico com muito entusiasmo, tal o esforço que vem sendo desenvolvido para que esse informativo atinja os seus objetivos, que é a história jurídica do RN.

Atenciosamente.

Odúlio Botelho
Presidente

O PODER JUDICIÁRIO DECIDIU - DR. CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES.

DR. CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES

O PODER JUDICIÁRIO DECIDIU
Carlos Roberto de Miranda Gomes - advogado e escritor

Nos últimos dias de janeiro deste ano publiquei em meu blog um artigo tendo por título: “A crise do Poder Judiciário OU Há crise no Poder Judiciário?”, onde comentei pela necessidade de não se estimular o confronto Poder Judiciário x CNJ, entendendo existir possibilidade de uma solução pacífica.

Nesse interregno recebi inúmeros artigos e críticas, quase todos em apoio à ação do CNJ, isto é, estimulando o confronto, atendendo o clamor da sociedade, que apóia a ação corajosa do Conselho Nacional de Justiça.

Afinal chegou o momento da decisão pelo Supremo Tribunal Federal que, por maioria apertada, manteve o entendimento de que o CNJ tem autonomia para uniformizar procedimentos no sentido da apuração de fatos que envolvem magistrados com desvio de conduta.

Desta forma, as expectativas da sociedade foram acatadas e podemos proclamar e reiterar a nossa confiança no Poder Judiciário, que continuará no seu trabalho de depuração das mazelas no encontro de uma gestão otimizada, eliminando privilégios e oferecendo aos magistrados a possibilidade de, pela sua própria ação, o comportamento consentâneo com o que acontece na planície, sem aquela arrogância tão comum em alguns casos, que somente serve para ampliar o poço entre eles e os jurisdicionados.

Sempre tive uma convivência tranqüila com os membros da Magistratura, aos quais sempre tratei com o devido respeito, mas com uma distância necessárias, para não tornar promíscua nossas relações. Nunca pedi favor a nenhum deles e nunca aceitei de forma mansa e pacífica os seus equívocos, exatamente porque posso fazer meu julgamento com isenção.

Por outro lado, deploro a exploração através de artigos e críticas singulares, acusando pessoas particularmente, mais das vezes por mera presunção e em função de fatos praticados por outros que.lhes dão suporte na prestação urisdicional.

A mesma garantia que os Juízes ofertam aos que lhe procuram deve ser deferida a eles, isto é, o direito da ampla defesa.

Vamos considerar essa recente decisão do STF como um momento de engrandecer o Poder Judiciário, merecedor, ainda, da nossa confiança e ao encontro do que aqui reitero em relação ao meu artigo anterior: “O barco não afundou. Ainda existe uma expressiva maioria de magistrados competentes, honestos, cujas condutas devem ser levadas em consideração e não sejam submetidos à vala comum dos que não exercem suas funções com dignidade... vejo nele (Poder) o fiel da balança para se consumar a correta distribuição da riqueza, da consagração de uma melhor qualidade de vida e confirmação do velho princípio de Ulpiano - "Viver honestamente (honeste vivere), não ofender ninguém (neminem laedere), dar a cada um o que lhe pertence (suum cuique tribuere)".